Meu quindinzinho,
Não sei
porque ficastes tão brava quando eu mandei aquela caixa de
bombons. Gosto de ti gordinha assim mesmo, pra que tanto regime
idiota?
O Seu
Manuel da padaria já me contou dos sonhos que tu tiras fiado,
escondido de mim. Ele é meu chapa, cajuzinho e eu não sou
ciumento.
Sei que
tu és moça direita, conheço teu jeitão. Não adianta ficar
inventando coisas por aí. Só não gosto de mini-saia enfiada
na bunda porque tenho que manter a moral. Onde é que se viu,
mulher minha por aí, se mostrando pro povo? Tu não vais me
passar atestado de chifrudo, o pessoal comenta e coisa e tal.
O biquíni
sem pano, se estiveres comigo, tá beleza! Agora, sozinha na
praia nem com o maiô de crente da tua velha.
Isso
não é ciúme, meu docinho de abóbora, é cuidado! Mulher minha
sempre tratei com a maior consideração, deixa de história!
Agora,
que tu gostas de cair de boca num bom prato, não se pode negar.
Lembra do siri recheado que a gente comeu naquele restaurante
em Paquetá? Até o garçom parou ao lado da mesa pra admirar
o tanto que tu eras capaz de enfrentar. Fostes sempre mulher
de vatapá, para com esses chiliques de salada!
Bem sabes
que eu te amo e nem ligo para o que dizes na hora do ciúme.
E sou
fiel a ti, algodão doce. Nenhuma outra pra mim chega a teus
pés. É tudo intriga, inveja dessas pessoas que querem nos
ver separados.
Mas a
próxima vez que tu jogares a caixa de bombons pela janela,
minha calda de caramelo, eu conto pra Dona Eudóxia e vais
fazer companhia a teu irmão na cadeia. Coitada da coroa! Fazer
a velha parar no PS, com dezessete pontos, descontado os noves
fora!
Caixa
de madeira pesa, pastelzinho e chocolate na testa faz mal
pras idéias.
Mesmo
assim eu te amo e te perdôo,
Teu virado
paulista,
Alfredo
PS
Estás precisando treinar a pontaria, meu suspiro!
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