Boate moderna, cheia de mauricinhos e patricinhas e ele se sentindo por fora um, por dentro deslocado. Pediu mais uma cerveja e esqueceu quanto custavam os olhos da cara, afinal não era nada além de investimento, o pai sempre lhe dissera das três formas de pobre tornar-se rico, a primeira natimorta, a segunda precariamente assentada na sorte, só a última com alguma coisa dentro de suas possibilidades e iniciativa: casar com uma riquinha. E como fazê-lo sem conhecer a dita cuja? Namoro na TV? Tinha que frequentar os mesmos ambientes desta galera e ele poupara algum para isso. Não que fosse o que seu pai chamava de pobrepobrepobredemarrédeci, mas estava longe de bem de vida.

Um predador africano dos bons, o guepardo, possui duas qualidades, ou melhor, uma qualidade e uma técnica que o diferenciavam dos demais. A primeira é a sua aceleração e velocidade, o mais veloz animal terrestre, conforme a Enciclopédia Conhecer. A outra é a tática de ataque perfeita para o meio defensivo padrão de presas, especialmente as de manada. As manadas, quando sob ataque de predadores, dispersam-se rapidamente, cada um para um lado, numa evidente manobra diversionista que confunde o caçador, mas isso não funciona com chitas: elas escolhem o indivíduo, focam toda a sua atenção nele e nada pode desviar sua atenção. PNL do Mundo Animal.

Mas não havia muito tempo, o tesão doía, tantos corpos bonitos, saias, mini saias, calcinhas entrevistas... Gersinésio sentiu-se guepardo em tempo de estiagem prolongada e elegeu sua presa: uma loirinha passada da adolescência, mas ainda jovem e bonita, cabelos longos, cheios e ondulados. Sorriu e para sua própria surpresa, apesar da segura certeza que o inundava, ela sorriu de volta. Aproximação cautelosa, mas firme. Convicção para persuasão. Começou a conversar com a gata, que se disse chamar Coriolena, encabulada do nome estrambótico. Ele disse o dele, à guisa de apresentação e consolo. Brincou: "Posso te chamar de Curió? Lá na fazenda eu criava alguns curiós, pássaros admiráveis, de melodioso canto". Ela acedeu ao pedido, já mais solta.

Papo rolou, descobriram coincidências, gostos comuns, legião urbana, novela...lamentou que o carro estivesse na oficina (mentira!) mas ofereceu-se para acompanhá-la á saída, ela disse "sem problemas"; ela tinha carro, foram, ela dirigindo, ele de carona e segurança.

No caminho Gersinésio olhava o decote, os seios bonitos, fartos mas firmes, as pernas compridas, musculosas, "academia, adoro malhar" ela disse sobre as pernas ao percebê-lo fixado; nada disse sobre os peitos e ele esperou fossem naturais, então. Não que isso fosse importante. Já haviam se beijado, rápido mas com fome à porta da boate, esperando o manobrista trazer o carro dela. Aquele jipinho da suzuki, claro.

Não resistiram, a fome era maior, o tesão era maior e Gersinésio torceu para não ejacular precoce, sujar cueca, calça... Linho branco. Porra mancha?

Se cataram no sinal, em transversal calma, arborizada, meia-luz noturna, era um tal de beijar sugado que Gersinésio perdeu o ar e a língua, devorada por Coriolena, e a moça gostava da coisa, abriu o zíper da calça dele e beijou, lambeu, sugou, fez vai-e-vem com língua e lábios, chocou ovo no céu da boca, a calça e a cueca arriadas no joelho, quase tão bem quanto uma puta do passado e ele retribuía com beijos na nuca, apertos nos seios, bolinando como podia, todo o sangue no pau.

Estava quase gozando e já queria mais e ficou caridoso, carinhoso, "o tesão sendo satisfeito nos faz mais cristãos", concluiu, tentando dominar a vontade de gozar. Se contorceu no momento do gozo e distendeu todos os músculos, alcançando o sexo de Coriolene, louco para enfiar... fist fucking!

Cadê o buraco que devia estar aqui? Convulsão sísmica? Virou morro, obelisco, mastro, virou picadura! Entrou no túnel na contramão, achou o caminhão, a moça não era moça, a gata virou um cão!