NA
CONTRAMÃO
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Samuel
Silva
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Gersinésio nem acreditou
quando seu grande amigo, quase-irmão, Credemir, fez o convite afortunado
ao telefone e só depois de vencer a estupefação e receber do outro a confirmação
solene aceitou como verdade o que verdadeiro era, independente de sua
crença. Credemir o chamava para uma pequena suruba, um pouco constrangido
pelas circunstâncias, já que a participação de outro homem fora imposição
da namorada de Credemir para aceitar uma noite de sexo com outra mulher
e o que era para ser um menage à trois converteu-se por artes
do destino e da teimosia de Credemir e sua namorada em um menage à
quatre! Depois de várias negativas de Credemir quanto à estar bêbado,
Gersinésio aceitou o convite e tomou-se de ansiedade para adentrar na
efeméride sexual, marcada pressurosa para aquela mesma noite, pois Credemir
não queria que sua namorada se arrependesse da aquiescência ainda que
vinda com o reparo do segundo homem. Credemir, persuasivo, havia conseguido
que fosse ele o indicador de seu companheiro comensal e não outro nome
passara em sua cabeça além do de Gersinésio, parceirão provado, aprovado
e comprovado de tantas farras e esbórnias, sempre discreto e que, portanto,
não iria dar com a língua nos dentes e manchar desta forma tantas reputações.
À hora aprazada, cheiroso e limpo como convinha, já quase gozando pela simples expectativa de pagar o atraso e ainda por cima com duas, encontrou-se com o amigo e rumaram céleres como a morte em tempos de guerra para o apartamento que a namorada de Credemir dividia com uma moça, esta uma a outra do convescote. Para abalar inibições que porventura surgissem, iam munidos de um uísque brazilian blended 8 anos de boa reputação, o que significa ter nenhuma. Correram as apresentações de praxe, os elogios recomendados pela boa educação e pela necessidade de se fazer agradável, fluiu o uísque da garrafa, de início com gelo, depois sem, menos pela coragem em beber o puro do que por ter acabado o estoque de gelo e não mais haver alguém em condições de equilibrar aquelas bandejinhas cheias de água até o congelador. Fábio Jr. na picape ("Senta aqui..."), Credemir dançava colado com a namorada e Gersinésio o imitava com a outra, mudou a música, trocaram os casais, Gersinésio excitado por tudo e com tudo, vendo Credemir palmilhar a bunda da outra e então levantando um pouco mais a saia dela, Gersinésio seguindo passo-a-passo com pequenas variações e improvisações. Beijos no pescoço, na nuca, uma alça a menos, outra também... Corpos desnudados ao som de Wando ("Você é fogo..."), se abaixando abraçados na sala, os casais se buscando um ao outro no sinteco, até se esbarrarem. Depois de muitas bolinações, Gersinésio se achou onde queria, entre as coxas morenas da namorada do amigo, toda cheia dele, enquanto a outra se oferecia abusada á língua da amiga, Credemir fora dar uma mijada e voltava logo, Gersinésio não sabia se continuava participando ou parava e assistia aquele fantástico espetáculo, aquela aula de cunilíngua, a teoria na prática era outra, e Gersinésio sentiu um peso nas costas, uma pressão no ânus e logo a dor, virou para trás viu Credemir segurando-o pelos quadris, não deu tempo dele ouvir seu grito: - Aí não, é contramão! |
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