O
MDC
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Viviane
Alberto
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Estava
decidido. Pacto feito. Também, depois de tanto vinho, tomadas pela embriaguez,
ninguém se assustou com a sentença: já que compartilhavam tudo, desde angústias
até o mesmo edredom, como naquela noite, dividiriam também o tesouro encontrado
por uma delas: o Carlos.
Qual o problema? Não eram amigas, modernas, liberadas? - Liberada? Eu sou casada! - É, mas não ta morta. Se não quiser, tudo bem, sobra mais. - Não disse que não queria, muito pelo contrario. É um tempero a mais. O sabor de proibido... Quando mesmo, heim? - É, quando? - Gente, mas eu nem falei nada pra ele ainda! E se ele não topar? Sei lá, assustar. Pense bem, somos quatro. Quatro mulheres. Eu só posso estar maluca, e bêbada, pra concordar com uma coisa dessas. E passaram a noite toda discutindo os detalhes. Quando seria? Como seria? Uma de cada vez? Todas juntas? - Ai, ai, ai, não sei o que faço se vocês encostarem a mão em mim! É, uma de cada vez seria melhor. Mas tinha que ser no mesmo dia. E aí, pensaram no Carlos (um detalhe, o Carlos). Descreveram com requinte as mais sinistras intenções. Naquela noite ninguém dormiu . Nem o Carlos, aliás. Disse que não pregara os olhos. Tinha passado a noite estranho, um pressentimento... No dia seguinte, quando ele, a vítima, encontrou a namorada, levou um susto. Não era ela, era outra pessoa. Não. Não era uma pessoa. Aquele brilho nos olhos, a face mais iluminada. Ele não soube se seu coração acelerou ou parou. Não era mais um homem. Era uma presa e não podia correr. E nem queria correr. Quando finalmente lhe contou o que ela e suas amigas haviam decidido na noite anterior ele percebeu que era verdade: ele não correria. Decidiu ficar e se render. Que usassem e abusassem. Deve ter sido uma das poucas fantasias realizadas naquela cidade. Quatro mulheres, uma de cada vez. Uma diferente da outra. E todas lá, só para ele. Unidas, a essência de Afrodite. Ele sozinho, soberano, MDC. O Máximo Divisor Comum. No dia combinado, tudo foi perfeito. Ele conduziu cada uma de uma maneira e todas chegaram ao seu limite. Apesar de diferentes, todas tão iguais. No início o medo, a insegurança. Depois, num misto de excitação e entrega, elas gritavam, o seguravam com força. Pediam mais. Depois resolveram que tinham perdido o receio, iriam todos juntos, agora que tinham tido suas experiências particulares. Foi um delírio. O ápice. Quando acabou, saíram cansados, mas felizes. Meio trôpegos, mas satisfeitos. Os operadores do brinquedo sorriram. Afinal, não é todo dia que um grupo se diverte tanto na montanha russa. |
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