DE
ONÇAS, BÚFALOS E CERVEJAS
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Luís
Valise
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Dizem os especialistas que manadas de búfalos se movem na velocidade dos mais lentos para que, em caso de ataque de predadores, eles fiquem para trás na correria implantada, servindo de alvo para as feras e permitindo a fuga do resto da manada. Outra que os doutos nos impingem é que o cérebro opera na velocidade dos seus neurônios mais lentos. É sabido que o álcool ataca os neurônios, destruindo logicamente os mais fracos e lentos. Resulta daí que quem bebe acaba por possuir um cérebro mais ágil e rápido. E deve mesmo haver um fundo de verdade nessas teorias. Este velho búfalo adora uma boa cervejinha. De quando em quando, meio que de fora da manada, fico ao lado de um copo espumejante e geladinho, a observar coisas da natureza. É quando, às vezes, entre movimentos lentos e goles rápidos, noto a presença de uma onça na espreita, silenciosa e bela em sua ferocidade. Sinto-a vir-se aproximando dissimulada, ventre rastejando na relva da paisagem ambiente. Velho búfalo bebedor, deixo-me ficar preguiçoso e manso, presa fácil. Cheia de confiança, tão próxima que posso sentir-lhe o calor do bafo e a umidez da boca, ela retesa o corpo em arco e prepara o bote. É quando, calmo no gesto mas certeiro na intenção, dou-lhe uma lambida no focinho. Não sei de onça que resista a uma lambida. Desarmada, as garras recolhidas nas patas macias, ela ronrona e rola de barriga pra cima, esperando festinhas do bufalão. Linda, meiga e cálida onça de forno-e-fogão. |
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