Daí pra frente, na cabeça de Juca, tudo aconteceu como uma partida de futebol. A torcida, composta por aqueles que se diziam seus amigos, gritava efusiva: "Vira! Vira! Vira!!", e virou!

O primeiro tempo foi de inquietação. Juca, sempre muito fechado em si mesmo, começou a se soltar e a ganhar espaço, até cair no ridículo de ensaiar um strip tease. Talvez tenha sido engraçado por ele não se assemelhar nenhum pouco com a Demi Moore. Não bastando a pouca vergonha, foi motivado a flertar com a dona da festa. Esta não deve ter gostado da ousadia e indiscrição do rapaz, e menos ainda do cheiro dele. Colocou-o pra fora de casa, com gritos e pontapés, choro e escândalo. Ninguém se preocupou em confortar a moça, que se fez toda desconcertada no seu vestido branco. Mas todos riram do Juca.

Foi aí o intervalo, Juca, que já não podia mais entrar na festa, percebeu, mesmo tonto, que sua embriaguez havia já perdido a graça. Todos dançavam na festinha, felizes; não sobrou ninguém com ele, nem mesmo os amigos que o influenciaram a tal pilhéria.

Nessa hora bateu uma ponta de solidão no Juca, ele só estava tentando ser igual aos outros rapazes, que bebiam, fumavam e eram "descolados". E virou motivo de piada, palhaço da turma! Aquilo o perseguiria por toda a sua vida.

O segundo tempo do jogo, Juca viu que o seu time perdia, e feio! Vieram as dores de cabeça da ressaca, a indisposição e também dores por todo o corpo. A tonteira foi o que menos incomodou o Juca, tudo doía tanto que ele nem quis se levantar da cama. E foi assim um dia inteiro.

Quem não gostou nada da história foi a mãe do Juca. E pôs ele de castigo, uma semana! Depois disso ele nunca mais bebeu, porque não queria mais ficar de castigo e perder toda férias. Pelo menos o Juca aprendeu na primeira vez e não teve mais de passar por isso. Mas os amigos dele não aprenderam. E tem gente que nunca aprende mesmo!