ESPERANÇA
NO PICADEIRO
|
|
Samir
Jaime
|
|
Oito,
apenas oito anos tinha Zezinho. Pelo menos era assim que o chamavam no bairro
que morava seu nome verdadeiro nunca ninguém soube, bem para falar a verdade
Zezinho não morava ele perambulava pelas ruas de pinheiros onde era conhecido
por todos e ajudado por alguns. Vivia prestando serviços em troca de um
mísero trocado, ou as vezes nem isso. "Zezinho me corta essa grama
direitinho viu pestinha, senão já sabe né, sem almoço" ou então "O
pirralho me busca o jornal. E vê se traz o troco certo em". E era assim
que o menino vivia da boa vontade dos outros nem tão boa as vezes.
A história de Zezinho era triste perdeu os pais aos três anos, quando foi mandado para um orfanato junto com seu irmão mais velho, este mesmo que fugiu sozinho sem dar a mínima para o caçula. Com o tempo teve ele então que bolar sozinho sua própria fuga e assim talvez encontrar a liberdade, quando a conseguiu acomodou-se no bairro de pinheiros pois pelo menos fome não passava. Mas a que custo. Certo dia quando limpava o pátio da dona Marócas em troca de um pão velho e seco, viu passar pela rua do bairro enormes caminhões com diversas luzes e sons. "Não percam o maior espetáculo da terra, malabaristas, magico, palhaços e o espetacular homem bala, que é arremessado de uma altura de quarenta metros e chega ao solo totalmente intacto, não percam". Os olhos de Zezinho brilharam quando ouviu tal anuncio. Ele nunca tinha visto um circo apenas escutado comentários na época do orfanato. Aquele menino trabalhou dobrado a semana toda para juntar uns poucos trocados que lhe garantiriam a entrada no paraíso como era no seu ver, e de certa forma não foi diferente pois quando chegou o grande dia lá estava ele na primeira fila atento a cada movimento do malabarista, nervoso com o arremesso do homem bala, risonho com as peripécias dos palhaços e boquiaberto com o poder ilusório do magico, pudera ele mudar sua vida assim como o grande salazim tirava coelhos e pombas de sua cartola. Naquele momento parecia que o tempo havia parado e só existia Zezinho e o fantástico mundo alegre do circo. Com o passar dos dias o garoto foi se enturmando com o pessoal do circo, fez grandes amizades e aprendeu diversos truques, estava sempre em todas as apresentações não perdia nenhum detalhe. O pessoal do bairro estranhava pois já não via o menino nas ruas e principalmente não contava mais com seus préstimos. "Veja como é as coisas, sempre dei de tudo para aquele menino agora anda sempre socado naquela palhaçada de circo, vai ver estão se aproveitando do garoto" ou então " Nunca vi tamanho mau agradecimento, por isso que não se deve dar oportunidade para esses marginalzinho mesmo". Um mês se passou e o circo foi embora e com ele foi Zezinho, alegre pois agora já não era mais um qualquer, ele era "Zezinho o palhaço tampinha". |
|
Protegido
de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto
acima sem a expressa autorização do autor
|