DESESPERANDO
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Renata
Manzano
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Estava
ali, parada, sorriso sem graça nos lábios, no meio da alegria.
O sorriso era mais para disfarçar um pouco o seu descontentamento e o seu vazio. Parecer melancólica, naquele momento, era sabotar a felicidade dos que estavam ao seu redor... Estava difícil locomover-se em meio aos corpos tremulantes, em meio à fumaça e àquela música infernal. A boca seca ansiava por algum líquido, mas o que lhe chegava às mãos era amargo demais. As luzes frenéticas penetravam no fundo da sua retina, criando imagens desconexas... Encostou-se em uma parede. Não, o mundo não girava. O mundo procurava tragar-lhe, sugando suas pernas para um abismo de profundidade aterradora. Seria o fim? Num esforço heróico, gritou. Mas não pôde ouvir seu próprio grito, que ecoou rouco pelo espaço. As pessoas sorriam indiferentes à sua dor. Agachou-se, ainda encostada na parede. A madrugada ia alta, e um segurança, horas depois, pegou-a pelo braço e levou-a para fora. "Esses jovens de hoje em dia..." - murmurou, profundamente irritado. |
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