- Alô!?

Possuia um sotaque. Daqueles que eu gosto. Que dão um arrepio. Voz de baixo profundo. Nossa!? Que loucura...

Pensei comigo: - Que homem é esse, meu Deus!?

A pessoa a qual eu tinha que contatar estava viajando. Ele ficou de passar recado. Mas anotou em sua agenda meu telefone de casa. Não do escritório. Da minha casa.

Deixei pra lá.

Ao marcar reunião e entrar na sala me deparei com ele. Não foi necessário mais nada. Era ele mesmo. O rapaz da voz. Ele disse que sentiu o mesmo. Só pelos olhares. Sem nenhum ouvir o outro ao vivo.

Fechei negócios e passei a freqüentar os mesmos ambientes que ele.

Ao nos encontrarmos era como se fôssemos amigos antigos. Daqueles de infância mesmo. Nos abraçavamos longamente com beijos no pescoço. E ficavamos parados por alguns segundos assim... abraçados.

Um congelamento. Um magnetismo. Uma "adesão" inexplicável.

Mas ótima. Uma troca de energias deliciosa...

Algumas semanas e pronto. Dos beijos no pescoço aos beijos na boca.

No início "selinho" como dizem... mas só no início. Umas duas ou três vezes...

A partir daí o envolvimento foi se estreitando. Estreitando no abraço...

Mais apertado. No beijo... mais demorado... no querer ficar junto... por horas... sem fim...

Estávamos no céu...

A realidade nos sacudiu. Chegou o dia em que ele teria que viajar.

Viagem marcada para visitar a família. Sua mulher e filhos.

Eu não sabia disso quando me apaixonei.

Há um ano que não os visita. Acabo de deixá-lo no aeroporto.

Um beijo rápido. No pescoço...

Queríamos mais. Muito mais... mais tempo.

Estava atrasado. Partiu apressado. Olhou para trás ao dobrar uma curva, por cima do ombro. Olhar triste.

Um olhar de adeus. Lágrimas escorrendo até agora...

Ele disse que liga. Volta logo. Dez dias apenas.

Eu acredito.

No meio da alegria...

Fico com a voz de suas músicas e com...

Um ponto final.