São incultos, inteligentes, perspicazes. Uns são carentes, outros abandonados que trazem no bolso o primeiro tostão - da contravenção - para o crack ou para o vinho, que não serve para o pão.

Uns são brancos, uns são negros, outros nem tanto. Alguns são tão medrosos que não matam nem a fome. Outros, tão temidos porque matam de fome.

Uns brincam, outros sonham de brincar. Uns são "doutor", outros "matador", ambos orgulhosos por atos e desacatos.

Do futuro só têm mesmo a morte: por frio, droga, tiro, ou... o que importa? Nas sombras das ruas tramam assaltos àqueles que tramam em grandes mansões.

Olham para o ar ou para o mar. Vêem sem serem vistos, buscam a vida perdida na imensidão da noite. Um sorriso, um olhar amigo, ou até mesmo - que vitória - uma meia palavra.

Te cuida infrator, que a Lei vai te abraçar, com braços de estivador. Palavra de cantador. Aproveita a noite que a Lei te pega, amanhã de manhã!