A
SEITA MALIGNA DO DOUTOR VAL
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Fernando
Zocca
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Ela é enorme em termos de organização. São tentáculos, braços; órgão que vive na sociedade. Tem simpatizantes que não se preocupam nem um pouquinho com ética ou normas. São desonestos. Não medem as conseqüências dos seus atos. Importam-se mais com os fins do que com os meios. Vivem abastadamente com o fruto de cambalachos e chicanas. Quando acometidos por crises de consciência procuram logo fazer filantropia. Mentem para conseguir seus objetivos, mesmo que seja à custa de malefícios aos seus adversos. Praticam a caridade e o amor, mas assassinam e roubam também. Dentre seus meios de ação estão o uso da fotografia e filmagem. A técnica é de fotografar os perseguidos, seus familiares, seus amigos, vizinhos, seus colegas no trabalho e nos seus lazeres. Filma-se também suas casas e demais localidades freqüentadas. É feita escuta telefônica clandestina. São lançados boatos e toda sorte de mentiras que visem o afastamento das pessoas. Cria-se o ostracismo para as vítimas. Podem se utilizar da autoridade para coagir seus alvos. Manipulam e praticam o exercício secreto e impessoal do poder. O ser colimado não recebe ordens explícitas, mas é submetido à vontade unívoca do consenso. O poder também é empregado às ocultas. Trocam o uso da autoridade pela manipulação. Têm como objetivo fazer com que os seres interiorizem o que a seita deseja que façam sem muita consciência das motivações verdadeiras dos seus atos. A exploração e exclusão tornam-se menos material do que psicológica. O poder transfere-se do visível para o invisível, do notório para o anônimo. A irresponsabilidade faz parte da organização. Os comportamentos são encobertos. Seus motivos variam entre compensações destinadas a contrabalançar frustrações particulares e prejudicar seus oponentes que podem lhes ameaçar o status social. Praticam o chamado tráfico de influência, ou em outros termos, a fofoca em nível de instituição. Agem nas entidades representativas da classe do obsedado, e nas que lhes prestam ou recebem serviços ou bens de consumo. Não se cometeria exagero se se afirmasse que seu padrão e estrutura tivessem origem na polícia privada dos primeiros anos do séc. XIX na Sicília. Observava-se um certo metabolismo social na composição de suas entranhas. Entre os que entram e os que saem, há sempre um saldo positivo daquela economia constrangedora e maligna. Suas técnicas específicas consistem na extirpação. Na exclusão operam com maestria. Malignos e demonizadores se não encontram um objetivo comum extra grupo degladiam-se internamente em contendas judiciais onde buscam satisfação de interesses fiscais e diferenças de caixa. São sutis na segregação. Nunca, nunca mesmo defrontam-se diretamente com o perseguido ou seus familiares. Sempre agem de forma indireta premiando os que se conduzem de maneira esperada. Solapam as bases econômicas dos que não lhes comungam com suas crenças. Lançam preconceitos, cortam, maceram, usufruem o que lhes pode dar lucro e expelem suas vítimas como se lixo fossem. Criam contratempo em todas as instituições fornecedoras, consumidoras e prestadoras de serviços do perseguido contradizente. Embrenha-se em lutas defensivas em se poderia dizer sem medo de errar que contradizem todo um preceito religioso que supostamente afirmam pregar. É a famosa seita maligna do Doutor Val, que por onde nasce suprime qualquer outra forma de crença ou de vida. Ela é sensibilíssima a qualquer forma de crítica. E sua resposta pode ser a condenação à indigência ou à morte. Creio em Deus Pai... Quando era fustigado por algum interessado em lhe provocar o remorso por ter prejudicado alguém, o espertíssimo Doutor Val sempre respondia: "Reto de alcoólatra não tem proprietário. Lavou, tá novo!". |
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