CARTA
DE AMOR
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Rosi
Luna
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Campinas, 01 de junho de 2001. Querido ABCedário inteiro, Estou escrevendo uma carta nos moldes antigos, não posso me dirigir a alguém específico, ela segue para muitas pessoas ou para uma em especial. No momento meu coração está ditando as palavras. Vou te chamar de meu queridinho, não gosto dessas formas usuais de "meu bem" ou "meu amor", essa é a minha forma de chamar quem gosto tão imensamente, que nem mesmo um poço muito profundo poderia chegar perto da profundidade desse meu bem querer. Não vou rodear tanto e nem florear como os poetas costumam fazer nas cartas de amor, quero te falar quando foi a ultima vez que pensei em ti. Foi ontem, nem faz muito tempo, estás aqui aprisionado na minha mente e não consigo tirar-te de lá, por que mais que tente. Talvez nem saibas dos meus rumos, mas ontem estava sozinha na estrada dirigindo meu carro, numa madrugada profundamente escura. As únicas luzes que brilhavam eram as plaquetinhas brancas no chão. E em meio aquela solidão liguei o rádio pra me fazer companhia, e fui mudando de faixas até ouvir "love songs". Não sei o que pensa o mundo sobre gosto musical acerca de programas que a maioria considera fora de moda, não penso assim e gosto daquelas músicas todas. E naquele momento meu corpo foi tomado por uma onda vibratória e fui sentindo uma invasão de sentimentos e me senti tão apaixonada por ti. Cada música que tocava era como um acorde, era um toque que sentia seu em mim. O carro deslizava na estrada e as luzes das plaquetinhas foram ficando azuis como numa pista de decolagem. Não preciso dizer que a partir daí meu carro virou um avião. Fui subindo subindo pra um lugar em que o corpo e a cabeça flutuavam e o raciocínio lógico se perdia com a força da gravidade. Fui te amando a cada música e fui te sentindo ali tomando um vinho comigo ou quem sabe um drink daqueles que tem guarda-chuvinhas. Fui morrendo de amor ali na estrada e deixando meu coração nas árvores e me deu vontade de contar estrelas e de pegar a lua com a mão. E ali morta de amor e totalmente sem sentidos de vitalidade, pensei em te escrever para contar o quanto te amo. E o quanto morro a cada dia quando penso em ti. Não sei se minhas palavras conseguem exprimir o que sinto. Pois morrer de amor é se sentir despedaçada e mesmo assim juntar os cacos e dar nas mãos do seu queridinho e falar toma, me afaga, me beija, me ama pelo menos um pouquinho, pra que eu não morra em vão. Meu enamorado, guarda essa carta, ela fica linda com o tempo, ela fica amarelada e vira lembrança. Saiba que um dia foste um assassino, mataste uma pessoa de amor, mas não se sinta culpado. Pois saiba que ela morreu feliz, pois não conheço melhor forma de morrer que essa. O coração não cabe no peito e a cabeça lota de cupidos voando e pára de funcionar e todas as frases perdem a importância e só restou um último suspiro. - Eu te amo meu queridinho. Com amor, Sua queridinha. |
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