A primeira aventura de Cibele aconteceu ainda na lua de mel que o casal tinha passado no Recife. O hóspede moreno e sério, que a recepção identificou como piloto da Varig, acabou sendo seduzido naquela manhã em que o marido havia saído  para providenciar as passagens de volta enquanto ela se bronzeava à beira da piscina. O cartão do piloto, com um telefone escrito à mão, estava na bolsa da mulher, mal escondido entre seus documentos.

As demais aventuras da mulher  ele também tinha tirado de letra: o vereador de Santa Rita do Passa Quatro em visita a Araras, o dono da rádio, o mecânico de físico perfeito. No decorrer dos anos, ela  havia perdido totalmente o pudor -  não escondia mais qualquer prova , saía diariamente inventando compromissos os mais diversos e, não raro, recebia seus amantes em casa, enquanto os filhos estavam na escola. Quando veio com uma história de que, a exemplo da Luma de Oliveira,  havia enviado fotos para uma revista especializada em mulheres nuas, resolveu dar um basta.

"Cibele querida,

Quando você acordar, eu estarei fora de sua vida definitivamente. Deixo-lhe a casa,  as crianças, minhas roupas velhas, as contas para pagar.  Levo o carro e todas as nossas economias. Ah, deixo também todas as faxinas. É que Berenice, nossa doméstica de tantos anos e que, além de minha confidente fiel sempre foi apaixonada por mim, vai junto. Só agora decidi retribuir o sentimento.

Felicidades, Mário"