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CAPITAL DOS SETE PECADOS
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Alberto
Carmo
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Na era da Internet, do absorvente
íntimo mais fino que papel de seda, da cerveja sem álcool, dos peitos
que parecem balões de gás, da camisinha fosforescente com sabor morango,
da ovelha clonada, da vaca louca, das boas e fiéis prostitutas levando
puxada de tapete das patricinhas, de homem com brinco sem ser pirata,
o que mais falta inventar?
Pois eu digo, falta inventar o Planalto Virtual - uma Brasília que caiba toda na tela do nosso computador - capital que a gente possa guardar no HD. HD quer dizer "disco duro", porque no mundo real é assim, mais duro que rapadura mal-passada. Como dizia meu velho amigo Toninho, entre um chope e um Rococó lá no Ponto Chic do Lgo. Paissandu: - Você já comeu queijo duro? Não é mole não! A coisa seria mais ou menos assim: você entra num site, que pode ser vigaristas.com.br, cujo e-mail poderia ser salafrários@masfaz.com.br, e pede um "download". Para quem não souber o que é "download", basta imaginar um médium na hora em que baixa o santo. Ele está fazendo um "download" do preto-velho. Pois é, a gente descarrega o Senado, a Câmara, e o Judiciário no micro. Simples assim, trazemos a corja toda para dentro de casa. Mas não se preocupe, você não vai deixar sua casa ser invadida pela quadrilha. Antes de baixar, você "zipa" eles todos. Zipar, na linguagem cibernética, quer dizer comprimir, amassar bem, feito receita de bolo. Eles vão ficar tão arretados, tão comprimidos, que não vai haver o menor risco de alguma mão-boba avançar sobre sua carteira. Proceda assim, e reserve. Isto feito, basta clicar na pasta onde quiser armazenar o arquivo. Provavelmente, seu micro vai apitar várias vezes, e exibir a mensagem "este programa executou uma operação ilegal". Escolha a opção "ignorar" e vá em frente, eles estão bem amarrados, não há perigo nesta fase. Arquivo salvo, você terá então a Capital trancafiada no seu PC. PC aqui é o seu "personal computer". Não vá confundir com aquele outro que, de certa forma, também tinha o Distrito Federal trancafiado em seu dossiê. Mas foi deletado e não deixou "backup". O próximo passo exige um cuidado de relojoeiro. Você vai abrir a jaula e guardar um por um em suas novas celas, ou pastas, como quiser. Crie sete pastas, todas com bastante espaço, porque os elementos em questão são demasiado espaçosos. Quando não por motivo de barriga, são-no por exagerados egos. Neste momento você terá que deixar seu livre arbítrio de lado. Os nomes das pastas não são de livre escolha, como nos vestibulares. Se deixássemos sua imaginação escolher a alcunha das pastas, você poderia se meter em alguma enrascada. Portanto, esqueça os adjetivos e simplesmente as nomeie da seguinte forma: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Mas não se desanime. Embora os nomes já vieram prontos, como pizzas para viagem, você poderá preenchê-las como quiser. Você pode guardar cada um deles na pasta que quiser. Pode copiar e colar um no outro, deletar, mandar para a lixeira do seu Windows, fazer zoom, mudar a cor, o layout. Pode até formatar um senador com negrito, sublinhar um deputado, ou dar uma chave de braço, em itálico, em algum juiz. Uma vez trancafiados nas pastas, você é o dono da situação, e da oposição também. Para brincar com os fantoches, siga as instruções abaixo: Selecione um energúmeno, marque com o mouse, ou rato, como o chamam nossos patrícios ibéricos. Posicione o mouse sobre o rato - aqui não mais o mouse, mas o figurão - aperte bem o botão esquerdo no pescoço do travesso parlamentar e arraste-o, mas arraste com fé, esperança, caridade, e um pouco de pimenta-do-reino. Leve-o até o poço, ou pasta, onde deseja jogá-lo. Solte o botão do rato - aqui o mouse, não o digníssimo pilantra - e deixe-o esborrachar-se no fundo do arquivo morto. Passe um bom antivírus na consciência do coitado, deixe-o em quarentena, e guarde no freezer por um dia e uma noite. Se, depois disso, o malandro não tomar jeito, pressione a tecla "del" e durma com a consciência tranqüila. Pilantra, energúmeno, malandro, pizza, rato, vigarista, salafrário, Vossa Excelência, maracutaia e coronel são marcas registradas e de uso exclusivo dos portadores de crachás, mandatos, cabides e currais, habitantes do Alvorada e arredores. O uso dessas marcas sem autorização por subscrito, por propina, por meios escusos, por negociatas e coalizões, é terminantemente proibido aos cidadãos que têm vergonha na cara. Os infratores estarão sujeitos a serem apagados da história. |
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