QUANDO
ESTAR SOZINHO, ESTAR SOZINHO E SÓ
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Eduardo
Loureiro Jr
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Confesse, você só trocaria a privacidade por qualquer outra coisa se estivesse na cabine acusticamente isolada daquele programa do Sílvio Santos: "Você troca esse carro zerinho por essa meia furada?", "Siiiiiiiiim!" Esses dias, entretanto, andei questionando a tal da privacidade... Que besteira é essa de querer esconder dos outros o que fazemos?! Como se todo mundo não cagasse, não peidasse e não tirasse meleca do nariz? Privacidade para quê? Só para fazer tranqüilo o que a gente não quer que ninguém saiba que a gente está fazendo? Não precisamos de vidros fumês e paredes à prova de som para isso. Qualquer multidão basta! No shopping, no show, no stadium (só pra começar com "s" estrangeiro também), você pode fazer o que quiser sem ser notado. Não vá com sua turma, não fique no lugar de sempre. Vá para o meio do desconhecido, para o olho do furacão, e peide e dê dedada na bunda da popozuda siliconada. Não polua o tempo de estar sozinho. Quando estiver só, não perca tempo tirando meleca do nariz. Ouça música, não da maneira desatenciosa com que se assiste a um show, mas como quem sabe que a música cura as feridas e abre as pétalas até para a fecundação do mosquito que zumbe e faz um dueto de violino e violão com o CD que está tocando. Dê meleca aos porcos da multidão, e guarde as pérolas para se enfeitar em sua solidão. |
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