BABOSEIRAS
NA MADRUGADA
|
|
Beto
Muniz
|
|
Costumo
dormir entre duas e três da madrugada e não é raro
entrar no chat pracinha - espaço virtual onde os anjos de prata
se encontram para trocar idéias - durante a madrugada e encontrar
o local largado, abandonado às traças (traças são
insetos?). Um sacrilégio não encontrar alguém pra
prosear, eu diria, mas dado ao adiantado da hora (exatamente 02:34h do
dia 04/05/2001), o melhor que faço é desligar a conexão
com a internet, pois tenho que escrever logo uma história, e não
ficar criticando o vazio do local, aliás, a maioria dos Anjos deve
acordar junto com os primeiros galos. Ô povo pra dormir cedo! E
eu comecei esse parágrafo com a intenção de dizer
que acordo depois das nove horas... Só não lembro por que
essa informação era importante.
Como não lembro o que eu pretendia escrever, antes de começar as divagações, melhor recomeçar, abordar outro assunto. Noite dessas, eu estava dormindo o sono dos justos quando fui abruptamente despertado por um berro. Um senhor berro eu diria! - SOCORRO! TEM UMA ARANHA NO BERÇO! Modéstia à parte, eu sou um pai exemplar, atuante e comprometido com o bem estar dos meus três filhos. Posto esse aparte, é dispensável dizer que mesmo sendo sete horas da madrugada, eu pulei da cama como um raio! Percorri os doze metros entre minha cama e o berço da caçula em menos de quatro segundos (dois segundos eu gastei me livrando do lençol), e o mais incrível: ainda tive tempo de pegar um exemplar do livro "O Caroço e a Moça" para usar como arma. Ainda bêbado de sono, mas totalmente lúcido, vasculhei os lençóis da minha filha a procura do aracnídeo assassino. Esperava encontrar uma caranguejeira peluda sugando o sangue da pequenina, que dormia em berço esplêndido, e detoná-la (a aranha) com uma livrada certeira, afinal um exemplar do livro de minha autoria deve servir ao menos pra chapoletar a aranha assassina... Mas qual? Onde estava o terrível inseto araneídeo? - Cadê a aranha mulher? - ALI! ALI NO CANTINHO... A senhora do meu coração apontava o teto onde uma minúscula aranha doméstica, marronzinha com uma listinha branca nas costas, repousava em sua teia de canto de quarto infantil. Tão placidamente quanto meu bebezinho. Vou omitir os impropérios que invadiram os ouvidos da mãe zelosa. Minutos depois eu já estava arrependido dos impropérios. Também, quem manda um bêbado de sono feito eu imaginar caranguejeiras no quinto andar de um prédio rodeado de asfalto? Deixa pra lá... Tudo bem, inspiração é besteira, e a verdade é que eu nem imagino como escrever um texto falando de aranhas, teias e insetos num estilo lírico-ficcional... Mas devo evitar que meus três leitores pensem que eu estou sem inspiração e que fiquei até agora enchendo lingüiça. Correndo o risco de confirmar que estou enchendo lingüiça e que hoje não vai sair texto lírico-ficcional algum, vou passar uma informação interessante ao meu fiel leitor: sabia que pombo com torcicolo não consegue andar? Descobri essa semana. Eu estava na praça do Pôr do Sol vendo nada, quando um bando de pombos pousou ao lado do carrinho de hot-dog. O dogueiro jogou migalhas de pão causando um alvoroço entre as aves. Acionei meu poder de observação que registrou o fato: o pombo, quando anda, joga a cabeça para frente e para trás acompanhando o movimento dos pés. No mesmo ritmo, cadência e velocidade. É sério! A cada passo, a cabecinha se movimenta para frente acompanhando o pezinho, como se o pombo bicasse o ar. Depois volta a cabeça para buscar o outro pezinho e torna a movimentar o bico para frente e assim por diante até bater asas e voar... Conclusão: pombo com torcicolo não anda... Só voa! E se você leu esse monte de baboseiras é porque deve gostar muito, mais muito mesmo de conversa fiada! Boa noite que vou enviar esse texto sem pé nem cabeça e depois vou dormir. Tenho certeza que quando eu ler isso tudo publicado no site dos Anjos de Prata vou ficar puto comigo, mas aí será um outro dia, quero dizer, outra madrugada! |
|
Protegido
de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto
acima sem a expressa autorização do autor
|