Quase terminei o primeiro semestre do curso de Letras. Só não o fiz, porque naqueles idos anos, encontrei-me com minha antiga professora de inglês do, então, ginásio, e descobri que ela havia se formado na mesma faculdade que na época eu cursava.

Lembrando-me de tudo o que não aprendi nas aulas dela, e tudo o que aprendi, tive de pagar em um curso fora da escola, decidi-me a partir daquele momento não continuar em tal universidade.

E quase quebramos um pau dos diabos, ali mesmo, na padaria. Local do encontro.  

Das lembranças de um ele no lugar de dois, e dos agas gagos que ela escrevia na lousa, entre outros bichos, uma ardência surgiu em meus olhos. Um cisco? Não. Vontade de chorar mesmo. Sentar e chorar a tarde inteira, ou o que restava dela, por todos os quatro anos, os quais perdi meu tempo, minha classe (em várias ocasiões) e minha paciência.

Voltei pra casa de cara amarrada, mas decidida. Eu não iria me formar no mesmo local que desinformou para toda a eternidade, a rechonchuda mestra. A professora de inglês. Para inglês ver...

Antes qualquer outra coisa à isso. E, pensando bem, devo agradecimentos a (de)mestra. Se eu terminasse aquele curso, provavelmente nunca escreveria. Seria tradutora-intérprete, secretária bilíngue, ou "do lar".

O lar... O local de trabalho mais procurado pelas mulheres "letreiras" do final dos 80'.  

Grata, (i)mestra, (des)amantíssima.

Quase me transformo em ti, o que me desagradaria pela segunda vez. Adoro comer e não poderia, pois transformando-me em ti, talvez ganhasse de bandeja seus quilos a mais.

E finalmente quase esqueço-me que curso de letras ensina literatura, mas não ensina escrever.

E de quase em quases, cá estou eu terminando uma lembrança quase perdida, entre "redundantemente" insinuando, por pouco passa e quase não vai para o papel.

Tudo bem. Fiquei sem faculdade. E daí?

Mas o prazer da liberdade, principalmente a prosaica, quase me surta de tanto rir da cara que ela fez, quando eu, olhando fundo em seus olhos, naquele final de tarde na padaria, meio que rindo de canto de boca, perguntei:

- Ah, você se formou lááááá????

Como a danada, de boazinha, pouco tinha, olhou-me como costumava me olhar quando me dava uma nota baixa porque havia (pra variar) corrigido a prova do jeito dela. Sempre errado. Mesmo assim quase tive pena.

Mas como penso que liberdade é essencial, tive pena não!...

Fiquei foi é muito triste, após alguns anos, revendo toda a situação.

Faculdades andam formando muitos "quase" professores...