Não me digas que foste embora por um amor ilícito. Sim, foste embora porque tinhas medo que a nossa felicidade terminasse sem um aviso prévio.

Um tempo depois fiquei sabendo que vivias com a agonia, com a angústia de viver o dia-a-dia de um casal moderno, com o temor de que o tédio e a rotina acabassem com aqueles momentos em que uma página em branco apagasse aquele rastro de mágicos momentos. Medo de o amor acabar assim, de repente.

Sofrias temendo que a morte nos separasse ou que a trivialidade nos convertesse em algum momento em duas pessoas corretas e preferiste fugir antes que tudo isso realmente acontecesse.

Hoje posso te dizer que me doeu muito, mas eu te entendo meu amor. Gostaria que você lesse esse texto que vou deixar em qualquer caixa de correio ou banco de praça, algum dia eu faço isso.

Como te quero. Como ainda te desejo. Como é difícil não te querer. Teu amor esteve sempre em volta de temores que eu não soube acalmar e esse é o meu fracasso.

Não existem caminhos sem direção, nem razões sem causas, por tudo isso, esse amor que eu sinto por ti, como bom amor que foi, que continua sendo, é paciente, tolerante, está cheio de bondade, nunca reclama, nunca se rende, nunca se vinga.

Eu esperarei, nem que para isso tenha que aprender a falar a linguagem dos anjos. Mas não te preocupe porque mesmo assim, continuarão as profecias, a fé, a esperança e o amor, porque os homens sem amor nada são.

Acredito que voltarei a te ver. Uma luz dentro de mim me diz que voltaremos a comer cerejas embebidas com o doce aroma da paixão e a deliciarmos com o "Love me tender" da nossa música preferida. Esse caminho que nos falta percorrer juntos pode acontecer daqui a milhões de anos, mas superaremos essa fronteira de passado e futuro. Inédito paradigma, sublime e divino, fragmento absoluto. Eu e você estamos condenamos a nos encontrar novamente para o todo e sempre.