A madrugada na enseada era
clara. Embora o sol ainda não apontasse o horizonte, o calor estava
intenso.
Naquele dia, os pescadores Salomão, Belchior e Arthur, combinaram de
se encontrar no cais para uma pescaria.
Na hora marcada, o trio partiu no velho barco de Salomão, rumo ao mar.
Durante todo o dia, a pescaria foi boa. Conseguiram bons peixes, o suficiente
para uma semana.
De repente, algumas nuvens negras apontaram no céu, e o que era calmaria
virou tempestade. Uma forte chuva começou desafiando a habilidade dos
três pescadores.
A tempestade começou a piorar e o barco a perder o rumo.
O barco, que em tantas pescarias deu tantas alegrias aos pescadores,
trilhava um triste desfecho, afundando nas profundezas do oceano.
Os pescadores boiaram esgotados durante todo entardecer, até que avistaram
uma ilha deserta, onde encontraram acolhida.
O que parecia ser uma simples noite na ilha, transformou-se em dias.
Os pescadores já não tinham noção do tempo em que estavam vivendo na
ilha, desde aquela terrível tempestade em alto mar, num dia aparentemente
calmo.
Eles tiveram que sobreviver com os únicos recursos que lhe restavam:
pescar às margens da praia e colher frutos silvestres.
Arthur havia construído uma cabana com madeiras, palhas e palmeiras.
É ali que passavam as noites mal dormidas.
Belchior vivia na margem da praia durante o dia, à procura de alguém,
algum barco ou navio que passasse por ali e pudesse leva-los de volta.
Salomão procurava desvendar os mistérios da ilha, explorando grutas
e cavernas.
Em uma dessas visitas às cavernas, Salomão encontrou uma lâmpada para
clarear. Ao invés de acender, surgiu um gênio de dentro da lâmpada.
Ela era mágica.
O gênio concedeu realizar três pedidos, mas como eles eram três pescadores,
cada um teria direito a um pedido.
Arthur pediu muita riqueza, Belchior pediu uma mulher e Salomão, apenas
um barco.
O gênio, que há dez mil anos estava vivendo em uma lâmpada, já não tinha
boa audição.
Moral da estória: os três pescadores continuaram morando na ilha.
Arthur com muita moleza, Belchior com uma colher e Salomão, apenas com
um arco.