Tema 017 - PISCA ALERTA
BIOGRAFIA
A MULHER DO TERCEIRO MILÊNIO
Alberto Carmo

Acabamos de entrar no já famoso "terceiro milênio". Aquele que a gente imaginava como um desfilar de carros sem rodas, com cúpulas de vidro e golas de camisa modelo "Jetsons", e viagens interplanetárias. Não foi nada disso, né? Que poxa!

Ainda bem! Já imaginaram uma máquina, onde você botasse um bago de uva, programasse a data e, ao clicar de um botão, saísse um vinho safra 1964? Cadê o encanto da coisa?

Mas as previsões falharam, os escritores de ficção científica idem, e aqui estamos nós, diante de um século inteiro pela frente. A gente nem sabe por onde começar, né? Diga aqui pra mim, você está maluquinha pra saber das fofocas, acertei?

Eu disse "maluquinha", porque este devaneio é dedicado às mulheres -  homens fora, nada. É pra elas mesmo - as gorduchinhas dos nossos pimbas, as nossas bonecas cobiçadas, as donas das nossas pensões, as mães dos nossos filhos, as namoradas que sonhamos, as amantes que jamais tivemos. Elas, as companheiras de todas as horas, seja na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza, no desespero ou no "entrei numas", na frescura ou na moleza. Elas, essas mulheres incríveis, que chegaram até aqui aos trancos e barrancos. Mas mantendo o charme, a doçura e a sensualidade, apesar das nossas polivalências.

Como será essa nova mulher? Eu a imagino de olhos verdes e cabelos dourados, emoldurando uma deusa na terra nascida, com dentes de serrinha e joelhos adoráveis. Que traga na voz uma promessa irresistível, e no corpo um embriagar de emoções e, no baú de bruxa, uma salva de poções. No sorriso, um quadro inesquecível; nas mãos, um toque de classe; nos pés, o ar de moleca descalça; e no peito, uma imagem do paraíso. E viajo entre todas as nuances. Da morena sestrosa à mulata incandescente, da magrinha voluptuosa à cheinha "caliente", das formas glamourosas às curvas ausentes. Mas sempre-vivas, jamais ausentes.

Mulheres tais, que nos inflamem de abraços, façam-nos sempre seus caprichos. Que sejam sábias e jamais nos impeçam de entrar, se esquecermos de levar o lixo. Que nos cozinhem em essências e nos deixem experimentar sua fome adolescente. Que saibam receber nosso carinho amassado pelo serão inesperado, que nos deixem imaginar beijos, quando estiverem cansadas.

Imagino uma mulher, que seja paciente, para entender que também somos gente, e que demora um pouco até acostumar. Que acredite em todas as mentiras que dissermos, mas que nunca perdoe se pintarmos um inferno. Que nos deixe só no último instante, mas que fique, mesmo que custe seguir adiante.

Que nos seja fiel, que nunca nos engane. Mas que siga em frente, se assim lhe disser o ditame. Que morra de amores por nós, mas que jamais viva só.

Rimas à parte, eu louvo as mulheres - as separadas, de preferência, ou as casadas, que esperam com paciência. E mesmo as solteiras, que aguardam a vez, para se iniciarem neste merengue. Dou vivas a todas, sem exceção. Não me chamem de zonzo, nem de machão, nem de machista, nem de amante de primeira-mão. Quis apenas exaltar a mulher, com toda minha demência.

E saibam os mais tolos que, para entender a mulher, não é necessário prática, nem sequer habilidade. Há que se viver de verdade e, se Deus permitir, há que se ter ciência.

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