PAÍS
DO CARNAVAL? SÓ SE FOR...
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Eduardo
Loureiro Jr
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Se o Brasil fosse mesmo
o País do Carnaval, não teria presidente, teria carnavalesco. Não teria
ministério, e sim comissão de frente. O prefeito negro da maior cidade
do Brasil não teria sido o Pitta, mas o Carlinhos Brown; ao invés de escândalo,
teríamos timbalada.
Num País do Carnaval de verdade, ninguém acordaria com despertador, mas com o Galo da Madrugada. Homens e mulheres sairiam não de pasta e bolsa a tiracolo, mas de pandeiro e sombrinha multicor. Seria obrigatório o uso de bermuda, short e chinelo nas repartições públicas. O bafômetro identificaria, e os guardas multariam, quem não tivesse bebido pelo menos dois copos de cerveja. Os amigos se cumprimentariam melando uns aos outros com uma mistura de maisena e ovo. Seria permitido beijar estranhos na boca. E a Sandy já teria perdido a virgindade faz tempo. Na semana que é tradicionalmente dedicada ao carnaval, o verdadeiro País do Carnaval viraria do avesso. Na Marquês de Sapucaí, os Grelos Recusativos Escolas de Mucamba botariam seu fodidões para marchar, e não dançar, de uma ponta à outra da avenida. Ao invés de samba-enredo, teríamos a execução dos hinos Nacional, da Bandeira e da Independência. Os carros alegóricos seriam substituídos por enormes mesas de reunião. A única bateria seria a dos celulares e seus bipes estridentes. As mulheres marchariam de vestido longo, e os homens de paletó e gravata. Num País do Carnaval de fato, e não de ficção, se daria um jeitinho até na morte: sempre que necessário renasceríamos das cinzas na quarta-feira seguinte. E nossa vida seria dez!, nota dez! |
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