SAUDADES
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Sonia
Perucci Miranda
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Muita gente trabalhou comigo. Poderia escrever várias crônicas a respeito destas pessoas mas hoje me lembrei da Floriza. Grande Floriza!!! Todos os dias ela tinha uma dor diferente. Nem sempre se sabia de imediato onde eram as dores da Floriza. - Oi Frô! - Ai dona Sonha, tocuma dorrrrr na virgilha que num to guentano. - Dor onde Frô ? - Aqui anssim ó..... no lado das coxa. - Ah! Na virilha. Vou te dar umas gotinhas de novalgina - Ara dona Sonha ! Já tomei navargina di monte e num dianto nada. Meioro foi a dorrrrrr nas bóia. - Putz Floriza! Dor nas bóia? E onde é que fica isso ? - Aqui na mão ó! Di tanto isfrega as panela encheo minha mão di bóia. - Não precisa esfregar desse jeito Frô. Eu quero as panelas limpas. Não tem que brilhar. Venha cá vamos colocar um curativo ai. Um dia a Floriza chegou com febre. Nunca tinha ido a um Médico. Telefonei para um amigo e pedi que desse uma geral na Frô. Tudo bem. Ela estava empestada, mas nada que não pudéssemos tratar. O meu amigo passou umas vitaminas e achou aconselhável ela tomar uma série de antibióticos. Entre os medicamentos que a Floriza deveria usar, tinha um em forma de supositório. - Frôôô... vem cá ! Tá vendo este negocinho aqui? - Tô! - Vai até o banheiro, abaixa a calça, fica assim meio curvadinha pra frente, e enfia ele assim ó! Já levanta de novo e segura firme. Num fica enrolando muito que derrete tudo tá? Entendeu? (ela fez que sim com a cabeça sem dizer uma palavra). - Tá bom . Então vai lá e coloca o supositório. Deixei os dois lá no banheiro (a Frô e o supositório) e fui fazer alguma outra coisa. Uns minutos depois , comecei a escutar um lamento que vinha da cozinha. - Ai meu Deus!!! Deus do céu, que coisa ruim!! ai,ai,ai,...... e agora meu Deus? Que negócio duro e ruim . Minha nossa senhora ! Deixei o que estava fazendo . Quando chego na copa, vejo a Floriza com uma banana na mão e o supositório já mordido na outra mão. - Floriza! Que que você está fazendo criatura? - Ara dona Sonha! Num tá vendo não? Tô tentando come esse negócio ruim aqui. - Mas Frô, não é pra comer, é pra usar do jeito que eu te ensinei. - Ói qui dona Sonha! Eu num vo enfia esse negócio no meu rabo não. A sinhora vai me discurpa. Vo engoli que deve di faze o memo efeito. Depois dessa o medicamento foi substituído por um via oral mesmo. Entre as particularidades da Flôriza tinha uma que me encantava. Ela cumprimentava os jornalistas e apresentadores da Televisão como se eles estivessem ouvindo mesmo. Desde esta época eu digo Boa Noite pra galera do jornal. Não posso deixar de mencionar que todas as vezes que a Frô ia ao dentista obviamente voltava com dores, porém, ela sentia dor na gengive. Tivesse nascido em outro estado talvez sentisse dores na gengiba. É isso ai. Boa noite Frôzinha! Um grande Beijo. |
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