Mindinho é o dedo mínimo. Mínimo para mim, sujeito medíocre de mãos relativamente pequenas (em comparação com a minha barriga, vamos assim dizer). O dedo mínimo do Oscar, do basquete, veja você, equivale à minha mão inteira. E ele nem tem barriga.

Diz o Aurélio que o mínimo-mindinho também é chamado de dedo auricular. Deve ser por causa daquele hábito nojento de cutucar a orelha com a unha. Quando menino, lembro que deixavam crescer a unha do mínimo para coçar a orelha lá no fundo.

Especialistas no esporte, aliás, mantinham as unhas dos dois mindinhos compridas. Não sei se por encanação minha ou por excesso de prática deles, mas, cá entre nós, aquelas unhas sempre me pareceram mais amareladas do que as outras. Vai saber...

Há dedos mindinhos e dedos mindinhos. O dedinho da Ana Paula Arósio, por exemplo, tem unhinha pequena, um nadinha se não fossem aqueles olhos de mar caribenho. Mas o mindinho dela ficou conhecido junto com aqueles olhos quando ela fez 21. E ficou lindo.

Há o mindinho do B. B. King, que participa de solos inspirados. Como já foi famoso o mindinho do Sinatra com anel e tudo. Houve o mindinho martelado do Bruce Lee, ou o mindinho afetado do Armando Marques quando passava do apito ao pito no jogador indisciplinado. 

Tem mindinho de madame, que toma café toda chique (mindinhus erectus, quem sabe) e mindinho metaleiro, meio endiabrado, fazendo dupla com o dedão, exibido. Dedão que também poderia ser chamado de mindinho, mas, gordo por natureza e marqueteiro que só ele (ô, dedo articulado!), fez fama de polegar, concedeu vida ou morte nas arenas romanas e ganhou status de impressora pessoal nas carteiras de identidade.

Mindinhos há e sempre houve aos montões. Um em cada mão e, na falta de problema de fábrica ou problema na fábrica, dois mindinhos por trabalhador. Em alguns casos extraordinários há três, como o do palhaço Mindinho, que não tinha três dedos mínimos, mas o apelido, porque era anãozinho. E o mindinho das dançarinas de mãos serpenteantes, que parecem cinco, como las señoras do flamenco ou as odaliscas das mil e uma noites.

Não havia reparado, mas o dedo mínimo também é o número um de todas as minhas contagens. Não sei se é assim com todo mundo, mas eu começo o "um, dois, três..." pelo mindinho, sempre. Talvez por que dê uma idéia física do crescente, sei lá!

Mas o mindinho é meio desprestigiado. Nunca ouvi ninguém falar de uma aventura amorosa usando o mindinho. No máximo, servia de elo no final das brigas de amigos em que se dava o mindinho para reatar em definitivo. Magrinho, meio esquelético, é um dedo quase inexpressivo. Aliás, por que será que chama mindinho?

As enciclopédias por onde andei passeando nada dizem. O Aurélio não trata da origem, destacando, apenas, que é um adjetivo e, também, um substantivo masculino, dependendo do caso. E enumera seus outros apelidos de baixinho, entre eles minguinho e meiminho.

Meio frutinha, né? Coitado! Além de tudo, tem isso!