DESNUDA
DE RECHEIO
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Marina
Cardoso
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Domingo. Oito e meia da manhã. Grande cidade parece preguiçosa. Primeiros atletas de fim de semana começam a correr pela Av. Paulista que está deserta. Esquinas: os sem teto dormem após os medos e frio da noite passada. Parece outro lugar. Desconheço meu casco de paulistana. Meninos que acordam cedo levam pets para o primeiro xixi matinal. Meninos que acordam cedo, e mães que livram-se jornada xixi coco do cãozinho que o menino estima e ela cuida. Hospitais espreguiçam-se. Doentes já tomaram café da manhã às 7. Ninguém quebrou braço/perna ou outro pedaço. Vou ao pronto-socorro cuidar de uma coisa que descubro tendinite. Males do exercício sem constância, perseverança e que levam a gente a se esbarrar na farmácia. Pais aflitos compram remédios de bronquite para os filhos. São dois, a mudança de tempo ajudou a piorar quadro da garotadinha. Estou feliz. Navego com minhas 4 rodas pelas avenidas que mostram-se largas. Onde estou? É SP domingão matinal de dia frio. Bom se pudéssemos sentir espaço que a cidade oferece durante a semana. SP parece um despejo de carros, ônibus e gente muita gente transitando e ocupando todos os espaços. Meu espaço é tranquilo. Thank's God. Dentro de casa o máximo do barulho é o casal de cima que ou bate pregos aos sábados ou resolve trepar. Creio que consertam cama para fazer um segundo turno. Passear pela cidade que dorme me dá muito prazer. Prazer igual dá ao de fotógrafo conhecido, que há anos não viaja no final do ano só para ter prazer em clicar a cidade desnuda de seu recheio. Desligo rádio do carro para ouvir os ruídos da cidade. Ainda não tem aquele reverberar do trânsito, do vozerio, das buzinas. No farol apenas florista prepara sua mistura sui generis de bico de papagaio com rosas. E este buquê vai passar o dia pescando freguês. Dona do meu caminho, sentido mais dona da cidade que dá éco, não vejo que as horas foram se passando e resolvo dar um pulo no Ibirapuera. Esqueço que é domingo. Esqueço que SP mesmo com frio gosta do verde ausente e essa ilha já está lotada. Caminho inverso, mergulho nos afazeres de fim-de-semana procurando algo para fazer almoço fartar a curiosidade por novos sabores. Prefiro não entrar na fila dos fatíticos frangos assado semi-prontos e quando vejo estou com o carrinho cheio de tudo e de nada. O tudo para a semana e o nada para uma boquinha. Desisto. O trânsito por lá é grande. Vou para casa chamo amigos para uma salada especial com peixe assado. Após a despedida do peixe farto, mergulho no silêncio que me dá apetite para ouvir e ouvir ...sons que só o silêncio e a preguiça de um domingo de frio permitem. Toca o celular: chamada a cobrar...pode vir no feriado Floripa te espera. Sossego e carinho à onze horas de distância só para rever paulistano du cuore que foi em busca de semana com 7 domingos de paz. Na cabeça já estou longe de SP, e é domingo e isto me basta. |
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