CALENDÁRIO
LUNAR
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Luciana
Franzolin
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Se existe uma coisa que me intriga profundamente é o nosso calendário. Este mesmo, que a gente usa aqui no ocidente. Com doze meses, de 30 ou 31 dias, e um fevereiro coitado que tem só 28, e sabe-se lá porquê de quatro em quatro anos, 29. Ano bissexto. Dizem que é pra compensar uma volta da terra. Nunca conheci ninguém que nasceu dia 29 de fevereiro. Envelhece mais devagar, o sortudo. Para começar a me irritar, o calendário nosso é cristão. Isto significa que transformaram a pré-história da Terra em história antes de Cristo, pode? Tudo na aula de história era a.C ou d.C, não tinha conversa. Porque será não inventaram um a.B, que seria antes de Buda, ou um d.M, depois de Maomé, ou um século d.S, depois de Shiva? Esta história de ano 2001 é a maior furada do mundo. Tem um calendário judeu que é diferente, se não me engano, um japonês também. O fato é que na verdade, a gente aprende que é assim e não se pode questionar. São convenções impostas, encalacradas, imutáveis. Outra coisa maluca, já ouvi dizer que antigamente, bem antes de Cristo, eram 13 meses de 28 dias. Um calendário praticamente lunar, respeitando o ciclo das luas marés, do cio da terra, das mulheres, que menstruam de 28 em 28 dias, normalmente. E os nomes dos meses coincidiam com seus números, por exemplo, novembro era mês 9, dezembro era o mês 10, e assim por diante com outubro, etc... Foi um tal Julio César que inventou o julho lá, justamente o mês que eu nasci, pra me irritar mais. Sou de 29 de julho de 1978 d.C. Concluo que minha data de nascimento não existe realmente. Se eram meses de 28 dias eu estou fora. Julho então não devia existir. Sendo o mês sete, se chamaria setembro, e 1978 depois de Cristo, quanto seria contando a idade do universo? Não caberia aqui nesta página. Cheguei a conclusão que o tempo pra mim não existe. É aquela história que um minuto demora menos ou mais, dependendo do que você está fazendo. Por exemplo, esperar, demora muito, beijar, passa rápido demais. Dormir, a gente nem vê, mas ficar acordado, a noite é uma vida. Quanto tempo tem uma vida, um segundo, um milênio? É tudo igual, odeio relógio. A única coisa que mais me aproxima da idéia de tempo é uma ampulheta, objeto que deve estar quase em extinção. Mas ali na ampulheta a gente vê, diferentemente dos segundos histéricos de um relógio digital, a areia correr pelo furinho, como se fosse areia se esvaindo em nossos dedos. Como se fosse a humanidade, se esvaindo no planeta, e como se fossem os planetas, se esvaindo nas galáxias. Como se fossem estas letras se esvaindo em sua mente. Quanto tempo já se foi? |
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