Esta crônica - pesquisa foi amparada em estudos realizados pela A.L.I.C.A.T.E.
(Associação Linense das Indústrias Campos e Albuquerque para Temas Excepcionais)

Ferramenta de uso diverso, hoje em dia todo homem que se preze, tem um alicate em casa. É muito fácil para nós, homens civilizados, convivermos com esse, digamos, amigo.

Sim, amigo, pois ele é o primeiro a quem recorremos quando temos que consertar algo.

É só escutarmos aquele famoso” Beeenhêêê”, que já sabemos que lá vem coisa. Pegamos o nosso fiel amigo e lá vamos nós, fazer o tal conserto.

Para homenagear essa grande ferramenta, vou contar a vocês a verídica história do surgimento do alicate e os seus mais importantes precursores.

Tudo começou no período Paleolítico, quando duas facções rivais disputavam o poder dentro de uma, digamos, sociedade.

Existiam os Homo-sapiens, famosos por terem inventado a roda e conseqüente a bola, muito usada num antigo jogo chamado Futesapiens; e os Alicatus-Sapiens, espécie muito parecida com os Homo-Sapiens, mas com uma mandíbula maior, grande mesmo ( sabem o queixo do Quércia? Pequeno perto do deles.), que era usada para todo tipo de serviço que se fizesse uso da força.

O Homo-Sapiens, um pouco mais desenvolvido que o rival, criou uma ferramenta de Sílex (espécie de pedra que era retirada e moldada por picaretas feitas com chifres de veado), imitando o movimento da mandíbula do rival em questão.

Essa ferramenta era usada como endireitador de flechas, melhorando consideravelmente a pontaria dos nossos ancestrais nas antigas batalhas.

Com as flechas endireitadas e a pontaria em dia, tornaram-se a raça mais forte e consequentemente, desenvolveram-se mais rapidamente.

Dando um salto na história, vamos encontrar há mil e duzentos anos atrás, um jovem ferreiro que dominava a técnica da fusão e tratamento do ferro.

Apesar do metal ser conhecido por vários povos, sendo usado material de antigos meteoros, os mesmos eram tratados com pedras através da percussão e do polimento.

O Jovem e promissor árabe, Ali –kati, a pedido de um parente famoso na antiga Arábia, (o Sr Ali-Babá, que queria fundir algumas Moedas e moldá-las de outra maneira) é quem desenvolveu o forno, a bigorna e o martelo, materiais necessários para construir uma ferramenta muito parecida com o antigo artefato feito de sílex, ao qual ele batizou com o seu nome, ali-kati.

Com a revolução industrial na Inglaterra, em 1775, vamos encontrar outro personagem dessa saga, tão promissor quanto o seu antigo descendente árabe, o jovem escocês, do clã dos allicaster, o Sr. James Watt Mac Allicaster grande inventor da época, que desenvolveu a técnica da máquina à vapor, construindo vários equipamentos com a nova tecnologia, substituindo a força humana pela força de máquinas na realização dos trabalhos.

O Jovem Mac allicaster, tornou-se um grande industrial do ramo de ferramentas, tendo como grande sucesso de vendas, os alicates fabricados por ele.

Como vocês puderam observar, são várias as pessoas que ajudaram no desenvolvimento e popularização do nosso atual alicate. Esses que citei foram os casos de maior sucesso e mais importantes na história de tão usada ferramenta.

Para não dizer que esses verdadeiros descendentes dos Alicatus-Sapiens, tiveram somente sucesso na vida, tenho que citar um dos casos frustrantes.

O caso de dois amigos comunistas, o Iugoslavo Servi Alicatchovich e do Russo Youri Alicatchenko, que criaram um símbolo para a bandeira comunista - um alicate apertando um saco- com o qual vieram perder a concorrência para uma foice e um martelo.

Hoje em dia existem inúmeros tipos de alicates, os de pressão, para eletrodos, os de wattímetro, de dentistas, para fichas, os de unha, o descascador, o “segura Peixe”, até no ramo animal existe alicate específico, chama-se Alicate guilhotina, que podemos imaginar para que servem (coitados dos pobres cães).

Agora, o que mais me chamou a atenção nessa pesquisa, foi um slogan, explicando o uso de um determinado alicate:

“Alicate ideal para “Crimpar” o terminal de seu uso”.

Para bom entendedor, meia palavra basta, não?

- Benzinho, vamos Crimpar o terminal, hoje? Com certeza, esse é o Alicate para os bons momentos...

Eu, que sou leigo no assunto, imagino que seja este o tipo de alicate que o Sr. Ambrose Bierce IV, usou na sua experiência sexual relatada ao nosso queridíssimo Mário Prata, transformada em uma das suas crônicas:“Você já fez amor com um alicate?”.

Talvez tenha sido esta a razão do Prata escolher este tema.

Ele não agüentava mais de tanta curiosidade e cansado que estava de percorrer as lojas de ferragens de São Paulo, inventou este “tema” para a crônica.

- Quem sabe alguém não encontra o tal alicate?, imaginou o escritor.

Com certeza ele queria que os anjos o auxiliassem a encontrar qual o alicate certo para as horas íntimas, principalmente se o joelho estiver lesionado, né Mário?

Fim

PS: Eu sei qual é, vocês não sabem.

Mas posso emprestar um alicate guilhotina para algum interessado no assunto.